A obesidade nos tempos atuais se constituiu numa síndrome mundial, tendo como consequência uma série de doenças bem conhecidas por toda a população como: colesterol e triglicerídeos alto, ovários policísticos, acne, depressão, diabetes, esteatose hepática (gordura no fígado), depressão, acidente vascular cerebral (AVC), hipertensão dentre outras.
As redes sociais a exemplo do Instagram, Youtube, Facebook, além do esclarecedor Google, foram invadidas pelo mercado de dicas de emagrecimento, alimentação ideal para atletas, venda de kits e suplementos para alcançar o peso perfeito. Todos esses indicadores evidenciam que a busca pelo corpo sonhado se constitui no desejo de milhares de pessoas. Independente de sexo, idade ou posição social, a preocupação de encontrar a solução para alcançar a meta é a mesma.
Se todas as soluções e informações estão disponíveis, um questionamento deve ser feito: porque é tão difícil emagrecer?
Escondido no excesso de peso, existe uma série de fatores que levaram à sua formação e perpetuação, principalmente de âmbito emocional como: mágoas, frustrações, tristezas e baixa autoestima, levando a um comportamento de compensação através da ingestão de alimentos, sobretudo considerados infantis (bolos, tortas, pizzas, hambúrguer, milk-shake), afagando os sentimentos e criando um círculo vicioso.
Na minha experiência clínica são recorrentes as queixas trazidas pelos pacientes: “estou triste, e me sinto mal comigo mesma. Não consigo perder peso, com isso fico deprimida e começo a comer mais ainda. Me sinto culpada de ter comido o que não devia e fico com vergonha de ir para a academia por estar acima do peso. Me sinto mais nervosa e sem paciência, brigo com as pessoas e nada dá certo para mim”. Atrás dessa situação, as pessoas estão comendo seus medos, ansiedades, vontades não realizadas. O mundo se tornou uma ilusão de vidas perfeitas, pessoas belíssimas, realizadas no trabalho e nos relacionamentos, corpos esculpidos, e esse cenário provoca um sentimento de impotência nas pessoas, onde tudo ao redor é maravilhoso com exceção da própria vida. A partir daí nasce a busca da magreza, desejando esse resultado de forma rápida, infalível e sem dor. A primeira ideia é tomar uma pílula que ofereça o milagre. Os medicamentos podem até ajudar, mas não tratam o emocional. Por mais que as drogas sejam atrativas, a decisão de cura deve partir do universo interno.
A obesidade por si só é fácil de ser tratada mas a dificuldade é tratar a mente do paciente. A cura real vem sem cirurgias, através de uma revolução lenta e silenciosa na forma de pensar e se relacionar consigo mesmo. Valendo de ferramentas como acompanhamento médico, psicológico, nutricional, atividade física, reeducação alimentar. A chave para o êxito nessa jornada é uma vigilância diária e melhores escolhas dentro da rotina, resultando em mudança de hábito.
Abordando a parte física vale lembrar que o peso é apenas o somatório de massa muscular, massa gorda, massa óssea e água, não havendo a necessidade de se pesar diariamente, considerando que o peso não vai mudar do dia para a noite. Mais salutar é a realização da Bioimpedância, que permitirá a análise do percentual de gordura em cada parte do corpo, analisando questões como indicação e decisão da atividade esportiva mais adequada a ser seguida.
Outro ponto fundamental é observar o que a paciente gosta de comer, se por exemplo ele não gosta de frutas, a insistência por parte do profissional pode gerar o abandono do tratamento.
O sucesso do emagrecimento consiste na montagem de um menu agradável e individualizado, emocional-equilibrado, ingesta de alimentos saudáveis sem processamentos, aditivos ou químicos, para evitar “viciar” o paladar e intervalos longos entre as refeições. Tudo isso combinado à prática de atividade física quatro vezes na semana, durante pelo menos trinta minutos para produzir serotonina, gerando a sensação de bem-estar e acelerando o metabolismo. O mais importante é compreender que cada dia é único para se cuidar, sendo essa a maior dádiva: poder nos presentear a cada momento com escolhas sábias e generosas para obter “Uma mente sã, num corpo são”.
Texto por Dra. Sandra Gordilho